quinta-feira, 4 de agosto de 2011

As virgens juradas

Essa é mais uma daquelas em que a tradição cultural causa polêmica.
Na Albânia a tradição das virgens juradas está desaparecendo.De acordo com um código de honra medieval chamado Kanun, numa família em que o pai morre e não há filhos homens, uma filha pode assumir uma vida masculina.O juramento é feito perante os doze membros mais velhos do povoado.Ela passa a se vestir como homem, o cabelo é cortado bem curto, e ela começa a trabalhar com homens, geralmente numa profissão considerada tipicamente masculina.Além disso, a virgem jurada abre mão de ter relacionamentos, de ter filhos, e consequentemente, de constituir sua própria família, já que ela se torna responsável pelas suas irmãs e sua mãe.Caso volte atrás no juramento, e decida ter uma vida feminina outra vez, ela cai em desgraça e é ignorada de tal forma que seria melhor estar morta.
Sendo a Albânia um país machista, reprimido pelo regime stalinista por muitos anos, e de maioria muçulmana, a vida de uma mulher sempre foi muito dura e restrita.A única função que as mulheres tinham era cuidar da casa e dos filhos.Então, apoiadas pelo Kanun - que é reconhecido por católicos e muçulmanos - muitas mulheres, em busca de mais liberdade, podiam simplesmente fazer o juramento de virgens, e os pais ganhavam mais um filho homem de bom grado.
A tradição é algo tão aceito na Albânia que a virgem passa a ser vista e respeitada entre os homens como igual.Essa vida faz com que a virgem comece a se comportar como homem em praticamente todos os aspectos, mesmo ela não tendo nenhuma tendência homossexual.Esse papel transforma a vida da menina de tal forma, que a maioria delas se diz feliz por viver como homem.
Mas os tempos mudaram, e essa tradição aos poucos vai desaparecendo.Estima-se que hoje existam apenas cerca de quarenta virgens juradas no norte da Albânia, a maioria acima dos cinquenta anos de idade.
Hoje, a mulher albanesa tem praticamente os mesmos direitos e liberdade do que os homens.Uma vida assim, de negação da feminilidade em nome de uma figura masculina que represente a família, realmente não poderia resistir ao livre arbítrio atual das mulheres de vestir ou não as calças ditas masculinas.

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