quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Uma lista espontânea

Uma calça da moda é prisão
como uma camisa de força
Os livres de verdade andam de cuecas

Um gole a mais de cafeína
não muda o seu sorriso amarelo
Mais um gole de alegria passageira

Um dia a mais vivendo
pode verbalizar o último Eu te amo
Sempre ambicionamos por mais tempo

Um amigo sincero a curto prazo
machuca como a mentira a longo
A verdade de dentro soa forte vinda de fora

Uma veia não só conduz sangue
como também é mal conduzida pela ira
E outros sentimentos também causam varizes

Uma pessoa não pode valer mais
do que os compromissos que tem consigo
O vale-vida é individual e intransferível

Uma tatuagem é uma embalagem
por fora ou do avesso
A leitura é importante

sábado, 13 de dezembro de 2014

Todo mundo é um alvo

martelam pra dentro da tua testa
tu martelas pra fora
a dor de cabeça é tua
a munição fura mais que pregos
tu és crucificado por resistir
ou por ter cabeça
tu sangras por ter coração
ou não existe bala que não seja perdida

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Que minha alma leve

Nem tudo que resiste
tem que ser pesado;
minh'alma pulando
de galho em galho.
Oxigênio passado,
colcha de retalho.

Minh'alma voltando
num jogo de corpo,
tal qual bumerangue
que eu tinha jogado.

Nem tudo que eu sei
tem que ser pesado;
este nome, este corpo
vem com algo herdado.
Leve como alumínio,
não fica enferrujado.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Bomba-relógio

Sou uma bomba-relógio.
Não me pergunte as horas.
Pode ser uma hora em ponto.
Uma hora posso estar a ponto de explodir.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Coração nu

O meu coração está em cima da mesa.
Você pode usar os talheres.
Isso não quer dizer que você possa comê-lo.
Ele pode ser amargo.
Você pode apenas querer feri-lo.

Nem tudo em cima da mesa é comestível.
Nem tudo em cima da mesa está cozido.
Nem todos à mesa sentem fome.
Nem todo coração agrada ao estômago.

Na falta de cartas, o meu coração.
Sem a caixa torácica em volta, ele é assustador.
Ele bate sem dó.
Você se defende?
Essa resposta eu sei de cor.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Esconderijo 33

O grão.
Eu atrás do grão.
Só uma imagem artística.
Surrealismo que se cria para se esconder algo maior.

A vida.
Eu atrás da vida.
Só vivo eu faço sentido.
Não há nenhum esconderijo do tamanho de um grão.

segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O segundo da morte

O segundo da morte resolve tudo;
definitivo, agudo.
Nem mais um pingo;
o fim do dilúvio.

Nascer entre rochas é árido também.

Depois de todo o dia,
de segundo em segundo,
a diária agonia.
Afinal, o segundo eterno.

E sair do ovo também é agonia.

A renovação da vida parece durar
até a primeira ferida.
Algo que pontua a vida
que definha num ciclo incerto
que a ninguém pertencia.

Sofrer não some;
só muda de nome.

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

A rocha

a rocha se foi 
consumida lentamente
como acontece com quem resiste

não haverá mais ritual
ao redor da rocha
como acontecia todos os dias

na sua dureza
existia algo de paciência
ao se conformar com o movimento à sua volta

na sua humildade
não pedia nada demais
apenas alívio dos parasitas do mal

nunca disse não
nunca exigiu um sim
se contentava com um talvez sem dor

foi firme ao apoiar
se calou quando sem apoio
foi dispensada morro abaixo sem valor

a rocha se foi
afundou com a terra
me ensinou que na superfície ninguém é superior

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Processo de envelhecimento


Impassível, o tempo

Todo ato de enganar a morte
é um recomeço.
Sentimos o alívio,
mas não é um movimento justo.
Vamos perder para um adversário
que não está lá.
Não ganhamos mais saúde;
simplesmente ganhamos tempo.
Na verdade, tomamos emprestado
uns 60, 80 ou 120 anos.
E o tempo nem se dá conta;
só nós somos os números.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Até o fim

O vento sopra sem controle,
e é mais uma coisa incontrolável para nós.
Arbustos unem as suas fraquezas
para ficarem mais fortes.
Para mostrar a finitude das coisas,
as lágrimas molham antes de secar.
Senão, seriam apenas choro seco
que não convencem.

Se até as palavras sem rumo,
se encontram mesmo sem rima,
também devemos deixar o vento seco
encontrar utilidade.
Também devemos
passar nossas caras amarrotadas,
e verbalizar as melhores palavras do dia.

Pois talvez o vento trabalhe a favor da poesia,
ainda que aleatória.
Pois até castigados pelo vento
os arbustos cantam.
Pois até que sequem o nosso sangue,
ainda teremos saliva para cantar,
sempre em direção à finitude das coisas. 

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Sinopse da fuga

Nenhum homem é uma ilha,
mas um homem também pode nascer de um vulcão.
Voltar para a caverna
é fugir do inferno que são os outros.
Sozinho, sem espelhos,
somem-se os defeitos.
Sozinho, sem críticos,
não há sinopse.
Só um monólogo egocêntrico
a caminho do silêncio.
 Uma única luz no escuro parece solitária,
mas é só no escuro que ela faz sentido.

sábado, 18 de outubro de 2014

Vulnerável

eu pareço inteiro protegido de pele
mas como se estou inconsciente
enxergo os meus braços e pernas
mas como se não enxergo a dor

tenho espinhas ou tenho vulcões
a ponta do iceberg congela até as veias
e eu continuo preocupado com febres
sigo combatendo sintomas banais

apenas um pequeno ponto negro
basta para tirar a pureza da goiaba
é uma mácula no mercado
quase invisível à fome de viver

variação de cor num ponto negro
me faz um pouco goiaba
variação de dor e sossego
variando entre benigno e maligno


terça-feira, 14 de outubro de 2014

Prece para a próxima vida

Que o sentimento mais fino
encontre a brecha para a próxima vida.
Que essa dor grosseira de tão grossa
não consiga atravessar.

domingo, 12 de outubro de 2014

Poema sem controle

a lua já nasce poesia
assim como insistir no erro é tradição

a lua apenas continua inalcançável
como o controle do amor

a tradição apenas ama sem controle
repetindo por repetir em aritmética involução

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Espetáculo adulto

Um dia fui forte,
como é forte a palavra inocência.
Minha imaginação,
entendimento infantil, eram minh'arma.
Fui tomando banhos,
exposto à milhares de explicações.
Me tiraram as cores;
não sou mais original.

Agora, sei fingir.
Participo da peça.
Não conheço todos no palco.
Alguns são figurantes.
Às vezes, eu sou.
Muitos diretores dirigem.
Quem só assiste deixa de fingir.
Mas bate palmas por inércia.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

já bebi mais do que deveria
já transformei minha saliva em veneno
já ignorei recomendações médicas
já cortei o meu próprio cabelo
já sei xingar no trânsito
já fingi orgasmo
já dei de comer ao meu ódio
já perdi a paciência com uma criança
já pareço maduro como um adulto

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Pessoa pública

Não existe gargalhada eterna
Apenas o eco
O medo de fazer afirmações reduz a pessoa
Consequências são fatos
E fatos só servem aos vivos
As pessoas passam de qualquer maneira
As palavras são apagadas, certas, erradas, direcionadas
O eco é falta de controle da física
Para alimentar a dor, basta repetir as palavras

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Suspeitar é laranja


Sedução marginal

Marginal porque come pelas beiradas;
porque não se entrega para se proteger;
porque ama a noite pelas intenções da noite;
porque seus presentes são surpresas.

Marginal por se masturbar sem culpa;
por se amar incondicionalmente;
por roubar olhadelas dos espelhos;
por ser sedutor quando deseja.

Onde as leis não se aplicam,
prazeres e punições se confundem.
Contra a física, o coração tão central,
ainda assim, é vítima de um marginal.

Marginal por vandalizar um coração
que pode despedaçar outro coração
naquele famoso infinito rito da paixão,
onde o ladrão tem cem anos de perdão.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Abstrair é o ato de trair o corpo

Cruzes e coroas de flores mortas,
além do peso da terra, pesam.
Fazem da morte um cemitério
onde tudo é gravemente gravitacional.
Pesado, para baixo.

A alma de tão leve que é,
se desapega sem deixar pegadas.
Deixa apenas a vontade material 
de tocar na matéria mais uma vez.
Humano, sem abstrair.

É difícil olhar para a luz
e não ver o bulbo.
Somos a luz sempre;
o bulbo, porém, se quebra primeiro. 

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Do hedonista

Forjada a partir de nada,
minha estátua não terá valor:
comi e bebi;
soprei o meu tempo;
não dei meu sangue por nada,
nem doei;
meus calos são fruto do eterno vagar
atrás do prazer de admirar o belo,
de ouvir o agradável,
de sentir o gozo,
de usar as mãos apenas para aplaudir.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

Passar por isso

Viro sonho murcho,
quando um bruxo
se apossa do meu pensamento.
Um pesadelo de sonho,
me sinto medonho
como uma mula sem cabeça.
Penso no problema,
mas eis o dilema,
a solução somente o é no fim.
Dura mais tempo,
sempre o tormento,
a tortura vira dona do relógio.
A solução que vem,
tão rápido trem,
parecia mais lenta a agonia.
Teste de ansiedade,
testa de rugosidade,
porque somos testados assim? 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

De acordo

Não é porque eu posso sentir o teu cheiro.
Não é porque eu consigo te ouvir.
Não é porque eu te vejo.
Nem é porque te beijo.

Enquanto dura,
tem valor incalculável o meu sonho.

É porque o teu cheiro me vem.
A tua voz é inconfundível.
Você sempre aparece.
E corresponde ao beijo.

Só posso te tocar
porque você se faz real.

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Escolha

Olhar para os dois lados não ajuda
na hora de atravessar na conversa
Ser a situação ou a oposição
é só um jeito de se vender a competição

O que mata o cérebro morto é a revolução
Plantar a ideia faz escola, faz educação

Entre uma linha e outra
os espaços são preenchidos
Entre uma pessoa e outra
as cabeças têm estímulos

Vamos trocar a pessoa que passa
a lábia demagoga neste que é
um mundo ferrado, pela pessoa
que passa a vida toda esmagada,
ainda que de punho cerrado

Fazer a revolução não é o perfeito
É o novo

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Vaidade: vai entender!

Elas se travestem de super mulheres -
pois mulheres já são - e arrastam olhares
em organza e meias arrastão
tão difíceis de entender.

Elas se mascaram de rímel
ou remelam os olhos com uma máscara
que é capaz de fazer de tudo,
inclusive se desfazer.

Elas se camuflam de almíscares
e alfazemas em jardins de regos e virilhas,
desde sempre de notas perfumadas
com o seu natural buquê.

Elas se equilibram pra lá de belas
em plataformas politicamente incorretas,
tal Luís XV que num salto suicida 
só queria aparecer.

Elas, que amaciam mil cremes,
desenrolam tantas escovas,
modelam espelhos com caras e bocas,
fazem de tudo pra deixarem de ser.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Especialista em nada

Alguns, da cabeça aos pés,
são inteiramente quadris.
Alguns se resumem
a punhos cerrados.
Alguns são o que digerem
através do estômago.
Alguns são, de verdade, 
tudo o que dizem com o olhar.
Eu, que penso tanto,
penso que sou todo lugar.

Especialista em nada.

Me meto em furadas
com os meus quadris.
Cerro os punhos
mais do que deveria.
Nem sempre consigo digerir
o que alguém cuspiu.
O meu olhar pode ser honesto,
se não me escapa o canto do olho.

Minha humanidade é vária.
Sou especialista em nada.


terça-feira, 12 de agosto de 2014

Goticamente falando

Vulto, não conte comigo;
eu também sou mortal.
Sentado bem ao lado do bem,
eu, bem ao lado do mal.

Se a intoxicação for por mel,
parece um jeito doce de morrer.
Essa vida que não é no céu,
gosto de terra, lento o padecer.

Longo, o dia sem sentido;
finita, a vida na contramão.
Até que uma luz é avistada,
farol, rodeado de escuridão.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Waldrausch

O rumor da floresta é silêncio incessante.
Um grilo é apenas uma sílaba.
Graveto quebrado pelos cascos,
chocalho de folhas,
água escorrendo na pedra,
arrulhar da pomba,
cigarra estridente,
entre silvos e dentes.

Não há harmonia de partitura.
Não há tradução escrita.
Não há reprodução teatral.

Há harmonia sem intrusos eruditos.
Há tradução que deixa sem palavras.
Há reprodução fora do cativeiro.

O silêncio da floresta é de enlouquecer.
A loucura do homem é medida em sílabas.
Sílabas erradas e juntas são uma bomba.
O rumor da floresta não pode ser afinado.
A loucura do homem é querer entender.
Lá vem o homem com seu diapasão finito.
Ou uma moto-serra afinada em dó menor.
O rumor da floresta é infinito, por favor.

Ariranha ll


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Fazendo uma pessoa

Nem era a pessoa.
Era o que a pessoa fazia.
Acertava e errava.
Se orgulhava e sentia vergonha.
Pedia desculpa e também ignorava.
E assim, se parecia menos com um passarinho.
Se matava alguém, só se importava se outro alguém descobrisse.
Se amava alguém, só se importava se o outro a amasse também.
E assim, se parecia menos com uma jibóia.
Vivia a vida como ela vinha.
Só acreditava na lei, quando a via escrita.
Tinha dúvidas e respondia perguntas.
Não era amada o tempo todo.
E odiava odiar.
E assim, se parecia demais com uma pessoa.
Pois toda pessoa é possível.
Pois a pessoa ao fazer, acaba fazendo a própria pessoa.
E as pessoas fazem de tudo.
Ainda assim, quando ela morreu, todos se perguntaram o que ela tinha feito para merecer uma morte daquelas.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Suassuna


Eu poderia ser pior

Eu nem mesmo comprei aquela arma,
nem atirei no motorista da frente.
Não cuspi em nenhuma cara,
nem mesmo pra fazer sexo diferente.

Hoje, não franzi a testa pra ninguém;
já nasci com a testa descontente.
Acredito em tanta coisa do além,
e às vezes, converso até com gente.

Meus males são todos deste mundo:
apodreço a maçã com o meu dente;
e como larva boto a cabeça pelo furo.
Sou este coração até morrer, latente.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Do meu sonho

Deite-me na tua anca esquerda,
enquanto fecho os olhos para sonhar.
Para sofrer com a tua beleza, basta abri-los.

Enquanto minhas mãos fazem mais que sonhar,
abata-me com a tua anca direita.
Eu não me importo.
Já te conheço do meu sonho.
E pro meu sonho, quero sempre voltar.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Pronto para o amor


Música é trabalho

Há tempos está marginalizada a cigarra!
Tão canora no verão,
tão vagabunda o tempo todo!
Aplaudimos as formigas,
porque ao fim do seu trabalho vemos um prédio!

Há tempos foi uma cigarra grega
a substituir uma corda quebrada de cítara...
Será trabalho só aquele que dói?
Não será também aquele que traz prazer?

Existem calos nas mãos do luthier...
Isso é tão físico quanto as cigarras-
operárias de um mundo com ritmo.
E, no final, a música volta ao cosmos;
com o valor mágico da volatilidade.
Aqui, permanecem pequenas as formigas.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Duras pessoas

A dureza da pessoa não é só dente e osso;
dente também é arma;
arma que é dura feito coco sem consciência.
A dureza da arma atira;
atrás do tiro, a fraqueza do dedo duro.
O dedo que não só aponta duro;
atira também com malvadeza dura.
A vida dura pouco perante a dureza;
até a dureza da bala perdida encontrar alguém.
A moleza da pessoa é fora o dente e o osso;
tudo mais é pele, carne e falta de culpa.
O dedo custa pouco pra apontar duro o culpado
e dura menos, pra num tiro, amolecer a vida do outro.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Fora de mão dá mais pé

Já fiz contato de primeiro grau com humanos;
voltei aos meus papéis rabiscados,
às minhas fantasias desorganizadas,
aos meus cabelos desprovidos de gel,
às minhas falas abusadas com plantas...
distantes das estradas tão asfaltadas.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Maior, em si

Não posso te reduzir a uma sílaba
como todos sempre fazem.
Eu preciso te chamar toda
com passos que te acordem.

Com os teus acordes,
passo a te cantar
compassos maiores
pra te justificar.





quinta-feira, 24 de julho de 2014

Outro dia

Não se espante com ontem
Hoje, já não quero me matar
Com as unhas, me pendurava
Hoje, com as unhas me coço

Uma face que mostra surpresa
Não é mais a mesma pessoa
Uma face de ódio transforma
Uma solução em um fim fatal

Não adianta forçar a vinda da luz
Uma noite somente vai virar dia
Quando o dia desistir de ser noite

Esperar pode até fazer amanhecer

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Estátua sem opinião


O pior que é

Os meus objetos
me deixam menos reciclável.
Pelos meus dejetos,
sou lembrado que sou bio degradável.

Os meus demônios
me fazem mais humano,
pelos meus pelos
que são mais puros que os meus planos.

As minhas pessoas-
que não são nada minhas-
eu as mantenho protegidas de mim,
afastando-as com palavras nada finas.

O meu corpo,
tão preso às obrigações,
cria riscas no rosto fechado
pra não seguir à risca as boas ações.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Completo

Claro que não sou suficiente,
por isso existem os outros!
O que não está claro,
não é o dia sonhado.
Não passo pra frente
a obrigação de roer meu osso.
Onde não sou rebelde,
não é minha a rebeldia!
Nem tudo é dente,
nem tudo é gengiva,
mas a mordida são os dois!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Escritos e rabiscos

Sou tão bobo com os meus rabiscos
Sou tanto quanto os meus escritos
No meu ponto de vista eu insisto
Ou eu finjo pro verso ficar bonito

Pouca coisa interessa na linha dura
Vou pulando frases nas entrelinhas
Ali se espreme o prazer da verdade pura
Que exprime as falas das verdades minhas

Pela cor que amadureça
Pela forma que obedeça
Ao toque da mão
À ideia azeitada
À força no lápis
Que a vírgula levada
Me leve até a curva
Não ao fim da estrada 

terça-feira, 15 de julho de 2014