sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Uma carga da memória

Pesam os olhares que me seguem
então pesam as minhas pernas
se digo alguma coisa pesada
sei que alguém fica pra trás

mas a memória me persegue

Pensam que são os melhores
aqueles todos que estão vivos
se esforçam para serem assim
sabem que alguma coisa perdem

a memória é uma palmatória

Passam arrependidos por mim
curvados apenas por disfarce
o meu cajado não é pesado
pra me dar o poder de perdoar

a memória é metade da culpa

Queria uma nova oportunidade
poder usar um apagador na fala
errar faz um bem pra humildade
apagar faz remediar a memória

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Pedido depois da vida longa

nem a urna funerária
nem as flores mortas me servem
nem mesmo a tumba serve de vaso
pois já nada planto para crescer

me marquei com a raiva
e isso prova que vivi
vivi magoado
e me sentia vivo
foram mil e doze dores
e duas mil e dezessete alegrias

soltei gargalhadas a mais
sendo assim posso pedir risos in memoriam