terça-feira, 26 de novembro de 2013

Duas metades

Nem toda pessoa é mão
Mas os calos estão lá
Nem toda bolha estoura
É preciso saber lidar

Nem todo peso é pesado
Até o ar chega a pesar
Nem tudo são malabares
Até pedras são pra jogar

Mordendo e assoprando
Ferrar vem de classificar
Imperfeito e  acertando
Um dia ímpar e outro par

Alergia às flores
Alegria às dores
Pétalas e gatilhos
Chicotes e veludo no armário
Palavras além do dicionário
Sôfrego hipócrita é quem
Não crê que o bem e o mal
Possam se combinar

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Humano e perecível

Você não dirige carrinho de batida
Você não está imune sem camisinha
Não há sangue que corra infinitamente
Você não é super homem 
Nem mesmo quando veste a fantasia

Há um muro nem tão duro que é o limite
O risco não é de grafite
O risco é de ultrapassar

O medo é o instinto 
De quem dá um passo de cada vez
Você é humano e bípede
E quem não tem cicatrizes
Morreu muito jovem

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A cantada do confeiteiro

Vamos fazer delícias
Essa é a cereja que falta
Já te como com os olhos faz tempo
Que o desejo derreta entre os confeitos
Que os feitos sejam doces como sonhos
Quero farta fatia do que me ofereceres
De se lambuzar é que vivem os lábios
Quero ensiná-los que de te beijar também

Em recheios quentes cochilar acordado
Minha cobertura tremerá ao decorar-te
Algo entre tesão e emoção mareja a boca e os olhos
O primeiro pedaço para o carente glutão
O segundo e o terceiro para dar saciedade
Quero-te toda estendida sobre o meu guardanapo
Mas não tenho coragem de limpar minha boca de ti
Quero-te toda estendida sobre o meu lençol
Traga a fartura da tua mesa para a cama


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Viagem para Passa Quatro - MG

Casa da cultura

Cachoeira da Gomeira (parte de cima)

Maria fumaça

Lobeira do cerrado

Montanhas do sul de Minas

Rabeta do trem

Pôr-do-sol com lua

Cachoeira da Gomeira (parte de baixo)

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Panorama Brasil

uma pitada de sal
com mil raios de sol
a palavra saudade
organismo sensual
um deus que salve
um desejo tão solto
um clima de sauna
azul infinito de céu
mesa farta que ceva
tudo doce pra saúva
mil sorrisos saudáveis
marcha a alegria soldada
sentindo soar sincopado som 
simplesmente sempre suado seduzir
rime este país com impossíveis dissonâncias
políticas, sociais, econômicas que destoam e são
mas não deixe de ouvir a vontade de viver que emana 
daqui Brasil daquele Braseiro daquele aBraço de cada Brasileiro daquil Brasí  



quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A impassibilidade das árvores

ah, que nojo
das pessoas
e de mim
caminhando juntos
como a vontade de matar
e a consciência
como o cuspe
e o beijo

ah, pingo d'água
tão inútil
perante a garrafa
de pinga
ou de água sanitária
tão higiênica
quanto venenosa
tão líquida
tão fogosa

ah, que nojo
das pessoas 
e de mim
falhamos palavras
erramos ações
marcamos com incômoda presença
e o cheiro
nos suportamos
e usamos perfume
um dia, ainda vamos entender
a impassibilidade das árvores 


terça-feira, 5 de novembro de 2013

Puramente as coisas


A poesia não tem aspas
A exclamação flutua mais sem palavras pesadas
As coisas dispensam os rótulos para não se tornarem outras coisas

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A decisão intuitiva

A vida intuitiva deixa arranhões
E as cicatrizes doem mentalmente
Sem calculadora e sem pista de pouso
Não há agenda e nem secretária
Utopia do executivo da máquina
Realidade do sonhador marginal
Que por nada roubaria a máquina

Apenas o levantar-se da cama
Todo dia de manhã
Se for de manhã
Se for da cama
Se for o dia
Se levantar
Já é decisão