sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Divagação sobre o valor depois da vida

Andar contra o fluxo pelas ruas me deixa mais vivo.As pessoas passam sem se importarem, mas passam.Isso é movimento, é vida.Se eu fosse um morto-vivo, elas se importariam.Eu incomodaria.Deixaria a minha marca.De sangue?Não importa.Por dentro ninguém me vê - enquanto me distraio tentando adivinhar que máscaras usam; enquanto uso a minha máscara mais convincente.Deixamos claro o valor que as pessoas possuem enquanto vivas?Ou o protocolo diz que temos que deixar tudo isso pro cerimonial pós-morte?
Afinal, morrer reúne pessoas, é um acontecimento, é notícia, as pessoas se importam...Os funerais atraem pessoas que não iriam ao aniversário do falecido.Quantos heróis só viram heróis porque morreram?Os chamados mártires.Quantas pessoas só alcançam o sucesso ou tem o talento reconhecido depois que morrem?Os "Van Goghs" da vida.Ou seriam da morte?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Assine a petição para proteger as águas de Camburi:

http://www.avaaz.org/po/petition/PROTECAO_DAS_AGUAS_DE_CAMBURI_SAO_SEBASTIAO_SP/?tDidocb

Observando um mendigo brasileiro

O ganzepe ginga o seu bornal na sua dança sem som,
um mulambo se equilibrando em pinguela social
com migalhas da paçoca ganha semana passada,
ainda hoje enroscadas no pixaim da longa barba.

Na cabeça nós cegos feitos amostras de picumã,
além da pixilinga e de um maldito carnegão inquilino,
a memória de bailes e sapatos em chão parafinado,
nenhum toró capaz de chegar em couro tão cabeludo.

Sem quatro taipas que sirvam de mocó ou armário, 
lá vai o cabide de trapos alheio ao furdunço dos carros,
pois o fungagá nos seus ouvidos já amansou o marrueiro
e o seu patuá é a irrelevância social que o mantém inteiro.

Mesmo assim, dentro do seu automático, blindado, importado,
lustrado, ar condicionado, cromado carro alguém balança a cabeça 
por não entender a coreografia espontânea do mendigo,
que não combina com a sinfonia vinda da tela de cristal líquido. 





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Eu juro que vi!


A poção anti-crueza


Influenciando pessoas

Que você vai me influenciar é inevitável.
Talvez você me influencie a odiá-lo.
Talvez você me faça ser melhor.
Todo encontro tem um poder de transformação.
Se você pensa nisso ou não, não importa.
Alguém lhe disse obrigado ontem e mudou algo.
Alguém te ignorou ontem e te fez mudar.
Alguém te olhou de alguma forma que te faz lembrar.
A saudade ou o rancor marcam com força.
O que você disse me tocou e eu decorei as palavras.
Quando uso essas palavras, sou um pouco você.
Quando você pensa em mim, se coloca um pouco no meu lugar?
Quanto é que eu sou aí em você?

domingo, 25 de novembro de 2012

Primeiros pensamentos de um domingo

Me sinto um pouco morto.
Bebi ontem.
Cheguei às 4:00.
7:30, a campainha.
Não vou.
De novo.
Me levanto.
Olho mágico.
Não conheço.
Volto pra cama.
A campainha.
De novo.
Por que?
Já sei que não vou dormir mais.
Rolo na cama.
Cochilo um pouco.
Rolo na cama.
9:30, me levanto.
Supermercado.
Alguém todo de preto com tênis azul-turquesa.
Seus pés brilham.
Isso não é bom.
Algumas coisas só se resolvem na segunda-feira.
Às vezes, na segunda tentativa.
Ansiedade.
Tenho que fazer algo.
O supermercado não foi o suficiente.
Talvez eu precise só de uma bebida.
A bebida precisa só de mim?
Não.
Não é um relacionamento justo.
Assistir um filme?
E se alguém disser: "I need a drink!"?
Melhor ver um filme nacional.



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A plástica do papel


Aprendendo nas ruas

Quando minha geração de moleques nas ruas,
fugindo das mães e aprendendo as manhas,
descobria funções de necessidades várias...

"Por qual buraco nascem os nenês?"

...E numa espécie de repente
se formava uma longa discussão...

"Fulano falou que fingir meter 
um bambu em alguém não quer dizer nada!"

...E qualquer polêmica mais seguisse,
durava até que alguém questionasse:

"Isso é um parto ou uma cagada?"

...Ou:

"Então deixa eu usar o bambu em você..."

...Até que alguém se zangasse de verdade,
até que a eternidade do dia seguinte,
onde o juntar de dois mindinhos,
selava novamente aquela amizade
de descobertas e novidades.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Viagem para Cunha-SP

Cachoeira do Mato Limpo, Estrada Cunha-Paraty.

Brachycephalus Ephippium na trilha chuvosa do Parque da Serra do Mar.

Cachoeira do Rio Paraibuna.

Jararaca: uma das espécies mais comuns na região.

Portal da ChacraZen: único camping e redário de Cunha.

ChacraZen: simplicidade, harmonia e beleza.

Fonte de água de 1872 no Mercado Municipal.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tudo é o que sai da boca

Não se iluda com os lábios macios;
a boca tem dentes que mordem
e as palavras tem de ser duras também
para saírem sem se quebrar.

Se iluda com os lábios macios;
a boca tem dentes que mordem
mas são tomados facilmente
pela palavra doce que os faça cariar.

As armas são sempre as mesmas,
as pessoas também são,
mas o jogo de interesses transforma
corações em mentes,
corações que mentem em encouraçados,
cabeçadas em corações,
mentes encabeçadas por corações...
Quem mente, quem coração?...


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Curador de arte curando o soluço

Porque só o momento se existe a foto?
Porque só a cena se existe vídeo?
Porque só a vida se existe interpretação?
Porque só o corpo se existe escultura?
Porque parar se existe o dançar?
Porque o barulho se existe a música?
Porque falar se existe o escrever?
Porque só as cores se existe pincel?
Porque protelar se existe o produzir?
Porque o soluço se existe a solução?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A força da natureza

Em certos dias, a chuva é mais forte.
Ela não consegue derrubar tudo.
Mas quem ou aquilo que estiver exposto vai se molhar.
E no nosso ponto de vista de ser vivente, a chuva só deveria molhar.
Mas às vezes, ela também derruba.
Se alguns já reclamam porque a chuva molha, quem dirá quando ela derruba.
Todos querem ficar em pé.
Mas diante da natureza, às vezes, temos que nos ajoelhar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Falha na comunicação

A guerra que você venceu
não ganhou a minha paz de espírito.
Se você está em paz agora,
sinto tontura de tanto negar com a cabeça.
Mais gente se decepcionou,
porém você queria que todos relaxassem.
Você, à vontade na sua cruzada,
ignorou algumas almas já familiares.
E você, à vontade na sua terapia individual,
esqueceu de observar as cláusulas fora do contrato...

As pequenas coisas que ligam as pessoas...
A atenção que todos demandam...
A desnecessidade de causar conflito...
Os sentimentos que só os outros sentem...
A amizade desertora do campo de batalha...
A opção de falar com quem já te escuta há anos...



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pés na terra Muratu


Lições tardias

Ninguém se alimenta de vômito. As pessoas ditas sensatas sabem a diferença entre o certo e o errado. Sabem que podem tomar atitudes que vão ajudá-las ou ajudar a outras pessoas. Mas a tendência é sempre esperar um pouco mais.
Então, as perguntas: 
Porque precisamos desenvolver um câncer pra começar a ajudar uma instituição que cuida de pessoas nessa situação?
Porque precisamos perder um filho para as drogas pra começar uma campanha contra as drogas?
Porque precisamos dirigir sem cinto de segurança, nos envolver em um acidente, pra depois aprender que o cinto poderia ter evitado tudo isso?
Será que é aquela coisa do "Isso nunca vai acontecer comigo"?
Não podemos prever e evitar tudo que quisermos, mas também não acho que "Aprendendo com os próprios erros" seja a frase mais bonita do mundo.
Algumas coisas podem ser evitadas; algumas coisas só podem ser remediadas; e algumas coisas são apenas vômito.