segunda-feira, 28 de abril de 2014

O meu papel

Tenho pensado muito no meu papel.
Como um cacto se afogando por gosto,
o contexto determina o bem e o mal.
Gosto do raro entusiasmo humano,
como encontrar alguém no deserto.
Não do entusiasmo contra o silêncio.
Não gosto quando a rotina surpreende:
o acordar do sonho no velho pesadelo.

Uma voz me diz para me abraçar.
Se me abraço, sou o símbolo do infinito;
se abraço alguém, o conjunto não pertence.
Vozes internas não marcam horário;
são diferentes das pessoas com relógios.
Suponho que estas sejam mais pontuais.
Errado, já que elas manipulam o tempo,
mas não manipulam as consequências.

Tenho pensado muito nas consequências.
Resolver os meus atrapalha os alheios.
Não quero encontrar tanta gente assim;
quanto mais gente, mais o assunto se repete.
Eu posso mudar tudo ao meu redor,
mas as pessoas não param de chegar.
Eu sou um problema isolado em mim:
sou pequeno no meu universo grande.

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