terça-feira, 22 de abril de 2014

Desejo preso às aspas

Desejar me afasta daqui
Vou ao encontro do sonho
O surreal é a anti-censura
Só a cabeça pode esconder um falo
O caminho não é de rosas
Deve ser feito de pedras
Não que seja de espinhos
Mas porque o ditado diz
Que bom é um mar de rosas
Ainda que nadar entre espinhos
Se torne pesadelo
Macia é a cama
Prefiro andar entre pedras

Os fiéis preferem os ditados já ditos
Os sonhos já sonhados
A liberdade de sonhar presa à cama
E as mesmas posições sexuais
Um desejo seguro para se conquistar
Sonhando dentro do possível
Construindo dentro do plano físico
Uma vida iluminada com luz artificial
Prendendo o coito no escuro
O coitado reduzido a sexo
À imagem e semelhança do deus coelho
Tentando não transcender
O que já é transcendental
Máquinas de fotocópias não sonham
Sonho o meu sonho sem reprodução

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