terça-feira, 27 de novembro de 2012

Observando um mendigo brasileiro

O ganzepe ginga o seu bornal na sua dança sem som,
um mulambo se equilibrando em pinguela social
com migalhas da paçoca ganha semana passada,
ainda hoje enroscadas no pixaim da longa barba.

Na cabeça nós cegos feitos amostras de picumã,
além da pixilinga e de um maldito carnegão inquilino,
a memória de bailes e sapatos em chão parafinado,
nenhum toró capaz de chegar em couro tão cabeludo.

Sem quatro taipas que sirvam de mocó ou armário, 
lá vai o cabide de trapos alheio ao furdunço dos carros,
pois o fungagá nos seus ouvidos já amansou o marrueiro
e o seu patuá é a irrelevância social que o mantém inteiro.

Mesmo assim, dentro do seu automático, blindado, importado,
lustrado, ar condicionado, cromado carro alguém balança a cabeça 
por não entender a coreografia espontânea do mendigo,
que não combina com a sinfonia vinda da tela de cristal líquido. 





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