quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Casca e pele

Ah, eu sou mais que osso!
Dureza importa, 
mas osso não entorta.
Também sou nervo;
ora enrijeço, ora me atrevo.
Corre a fluidez do sangue,
mas ao coagular o pensar é estanque.

Nem tudo é ação;
ouvi muito por entre as moitas da cerca.
Não sou só mão;
também me protejo com luvas de pelica.

Ah, eu sou mais do que ouço!
A fala é escultora,
mas sou do pau-ferro uma tora.
Na cabeça sensível, o cabelo embaraça;
sou unha teimosa que como pente passa.
Apesar da casca, sou pele;
às vezes, sou como ela, além de ser ele.   

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