segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Waldrausch

O rumor da floresta é silêncio incessante.
Um grilo é apenas uma sílaba.
Graveto quebrado pelos cascos,
chocalho de folhas,
água escorrendo na pedra,
arrulhar da pomba,
cigarra estridente,
entre silvos e dentes.

Não há harmonia de partitura.
Não há tradução escrita.
Não há reprodução teatral.

Há harmonia sem intrusos eruditos.
Há tradução que deixa sem palavras.
Há reprodução fora do cativeiro.

O silêncio da floresta é de enlouquecer.
A loucura do homem é medida em sílabas.
Sílabas erradas e juntas são uma bomba.
O rumor da floresta não pode ser afinado.
A loucura do homem é querer entender.
Lá vem o homem com seu diapasão finito.
Ou uma moto-serra afinada em dó menor.
O rumor da floresta é infinito, por favor.

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