quinta-feira, 20 de junho de 2013

Coitus brasilis

Consensual!
Com sensualidade!
Como andamos,
já mostramos
pra onde se deve olhar.

O fazemos, enquanto vivemos.
Tudo mais é necrofilia.

O corpo fala,
e acho que é brasilês.
Dizemos "prazer"
ao primeiro contato.
Mas a palavra é teoria.
Já passamos das preliminares...




quarta-feira, 19 de junho de 2013

Madura


O último movimento

Um copo é só um copo
O álcool não se mexe
Uma arma é só uma arma
Uma mão é movimento
Um tiro é uma sentença

Uma vida a menos são duas
Um momento e tudo muda
Um movimento que cala
O som de uma pessoa muda
Um tiro é um eco que dura

Num passe de má intenção
Uma vida toda se passa
Num momento que para
Um dedo que dispara
E decide quem vive ou não

A bala abala a tua fala à toa
Cala 
A tua 
Fala 
À toa

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Se ajoelhe pra não rezar

Vive um pouco menos quem não vomita,
explode por dentro sem mostrar a tinta.
Imitar quem veio antes, todo mundo imita;
resultar sem errar, ileso o corpo, só limita.

Qual a maturidade que não cresce?
De coração, 
o que eu sei de coração que não muda?






sexta-feira, 14 de junho de 2013

...E amarás o que é puro...


Protesto

Vocês estão fazendo muito barulho aí fora!
Deixaram balas de sangue pra não-sei-quem recolher.
Estão quebrando os sinais!
O sinal vermelho são os olhos cheios de gás.
Em certos momentos, o outro é você de farda!
Porque o mundo dá voltas à paisana.
E a minha cabeça gira. 

Vocês estão depredando o que querem que mude!
Não estão vendo que podemos reutilizar tudo.
Algumas pessoas machucadas gritam.
Algumas pessoas que machucam gritam.
As guerras não são silenciosas.
Alguns querem ganhar no grito.
E a autoridade é um berro!

Cada moeda conta.
A história é mal contada.
Poucos ouvem a verdadeira versão.
Porque há muito barulho aí fora!
Fora da minha cabeça pequena, o mundo gira.
Mesmo assim, a minha cabeça dá voltas contrárias.
Porque alguns são surdos ao diálogo.



quinta-feira, 13 de junho de 2013

Uma pedra embrulhada

sofro de humana decepção
sofro porque não sei explicar
não sabia que seria preciso explicar
vou pela estrada com os braços abertos
para afastar a quem chegar muito perto
se digo "venha" quero dizer "não corra"
te deixo passar se amar não for favor
se te ofereço as mãos tenho que ficar com os pés
não posso fazer como você
dois como você não fazem um casal
potencial não faz uma pessoa
a natureza é uma potência com fraquezas
só procuro me manter inteiro
um animal só é egoísta no contato com outros animais

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Aos bilhões

Cansado de ver as pessoas a pé
Exausto de ver as pessoas nos carros
Os olhos cansados ainda vêem beleza
Mas os ouvidos já não ouvem acordes em si

O poeta endurece ao amolecer a dura realidade
As luzes são artificiais demais
As esquinas são de concreto demais
Não desviamos no nosso duro caminho jamais
Refinamos o açúcar mas não fazemos mel

Nos levantamos para competir
Nos deitamos para brigar pelo sono
Onde as sirenes são altas
Os elogios são sussurros
Os para choques são duros 
São acidentes inexistentes antes da invenção da roda



domingo, 9 de junho de 2013

A diferença em centavos

Grande é a virtude da criança
que não conhece vil valor
ou grande a frágil indiferença
de quem já desejou,
mas se conteve,
de quem já demonstrou,
mas não coroou
a ambição menos nobre:
a dominação do semelhante,
a dignidade pelo valor do cobre.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Divisores do mundo

O seu preconceito não te faz mais branco,
e mais branco não se chama mais puro.
O seu preconceito não te faz mais magro;
todos mais magros extinguiríamos as baleias.
O seu preconceito não te faz mais macho;
ser mais macho, ser menos humano.
A sua intolerância não te faz mais patriota;
te faz mais isolado.
O seu julgar a quem tem pouco 
não te dá coisa alguma.

domingo, 2 de junho de 2013

Simples mente

Minhas ideias tão sujas de poeira
O lodo dos meus olhos é choro
A lama só macula as minhas botinas
Aqui, onde o mundo gira mais devagar,
Algum coisa em mim se mantém limpa

Minhas unhas escuras, já crônicas
Meus calos, provas digitais do que toco
O suor gravado na palha do meu chapéu
Aqui, onde acredito que só existe trabalho,
A minha alma se mantém mais limpa