Eu, humano que sou, falei, gesticulei, mas não consegui estancar a sangria.
Ela, mulher que é, só estava sendo mulher, e não ouviu o suficiente.
Então, eu, homem que sou, gritei e espumei pela boca.
E entre meus dentes balas voaram, e minhas palavras apertaram gatilhos.
Eu soltei o animal, e ele veio a galope com um monstro no lombo.
E por detrás do monstro veio, aberta, a bocarra cheia de dentes, cheia de cala-boca.
Eu não tomei fôlego e continuei, mas já começava a afundar com aquele navio fantasma.
Então, entendi que por trás de mim vinha o tsunami.
E enxerguei tarde demais.
Eu sabia que viria a bonança tão rápida quanto a onda.
E ainda assim, sobrariam destroços.
Eu não sou o náufrago; eu sou o próprio naufrágio.
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