sexta-feira, 22 de maio de 2015

Uma parede anti-social

Não tenho nenhum trato social
Nem mesmo social é o sapato
Ter mesmo, eu tenho pouco
Ser, eu sou louco analisado
Eu erro por estar tão distante
Expectativa errante na mira
Se sou incongruente demais
Nem bom rapaz, nem flores
Cativo o que creio e me animo
Já não rimo só pra ficar bonito
Poderia dizer mais neste bloco
Mas toda parede é anti-social

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Ainda há tempo

errei no peso da mão;
vim a escutar com os ouvidos armados;
simplesmente olhei, ao invés de observar;
engoli o veneno;
me deixei entoxicar pelo cheiro.

que os segundos que ainda me faltam,
sejam de acertos que valem por anos.

ainda há o que lavar;
ainda há boa música;
um freio antes de julgar;
nem tudo é alimento;
o último aroma do dia é a dama-da-noite.

que os segundos que ainda me faltam,
sejam de reciclagem ainda em vida.

terça-feira, 12 de maio de 2015

A empatia da mesma dor

É preciso sentir a dor adequada
para ver as cores,
para perceber entrelinhas,
para ouvir o tom correto.
A dor adequada alivia a própria dor
ao entender.
Para entender é preciso sangrar a mesma
cor de quem pinta.
Cada sentir requer de quem sente
uma dor distinta.
Cada poeta segue incompleto
sem um tom de tinta.

De qualquer forma,
mesmo sem forma,
sem seguir a norma,
quem lê e sente
completa a rima.

segunda-feira, 11 de maio de 2015

O burro

Eu não sei falar
pra dentro de ouvidos que dão tantas voltas.
Eu não sei falar
pra dentro de cabeças que sejam outras.
Eu não sei falar
muito bem pra quem é de cristal puro.
Eu não sei falar
muito bem, meu bem, eu somente urro.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Paródia dessa vida


nada se tira,
a não ser o nosso corpo de lugar
nada se leva,
a não ser algumas voláteis lições
nada se mata,
a não ser algumas poucas curiosidades
nada se deixa,
a não ser pessoas em meio às suas missões