quinta-feira, 31 de julho de 2014

Duras pessoas

A dureza da pessoa não é só dente e osso;
dente também é arma;
arma que é dura feito coco sem consciência.
A dureza da arma atira;
atrás do tiro, a fraqueza do dedo duro.
O dedo que não só aponta duro;
atira também com malvadeza dura.
A vida dura pouco perante a dureza;
até a dureza da bala perdida encontrar alguém.
A moleza da pessoa é fora o dente e o osso;
tudo mais é pele, carne e falta de culpa.
O dedo custa pouco pra apontar duro o culpado
e dura menos, pra num tiro, amolecer a vida do outro.

terça-feira, 29 de julho de 2014

Fora de mão dá mais pé

Já fiz contato de primeiro grau com humanos;
voltei aos meus papéis rabiscados,
às minhas fantasias desorganizadas,
aos meus cabelos desprovidos de gel,
às minhas falas abusadas com plantas...
distantes das estradas tão asfaltadas.

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Maior, em si

Não posso te reduzir a uma sílaba
como todos sempre fazem.
Eu preciso te chamar toda
com passos que te acordem.

Com os teus acordes,
passo a te cantar
compassos maiores
pra te justificar.





quinta-feira, 24 de julho de 2014

Outro dia

Não se espante com ontem
Hoje, já não quero me matar
Com as unhas, me pendurava
Hoje, com as unhas me coço

Uma face que mostra surpresa
Não é mais a mesma pessoa
Uma face de ódio transforma
Uma solução em um fim fatal

Não adianta forçar a vinda da luz
Uma noite somente vai virar dia
Quando o dia desistir de ser noite

Esperar pode até fazer amanhecer

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Estátua sem opinião


O pior que é

Os meus objetos
me deixam menos reciclável.
Pelos meus dejetos,
sou lembrado que sou bio degradável.

Os meus demônios
me fazem mais humano,
pelos meus pelos
que são mais puros que os meus planos.

As minhas pessoas-
que não são nada minhas-
eu as mantenho protegidas de mim,
afastando-as com palavras nada finas.

O meu corpo,
tão preso às obrigações,
cria riscas no rosto fechado
pra não seguir à risca as boas ações.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Completo

Claro que não sou suficiente,
por isso existem os outros!
O que não está claro,
não é o dia sonhado.
Não passo pra frente
a obrigação de roer meu osso.
Onde não sou rebelde,
não é minha a rebeldia!
Nem tudo é dente,
nem tudo é gengiva,
mas a mordida são os dois!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Escritos e rabiscos

Sou tão bobo com os meus rabiscos
Sou tanto quanto os meus escritos
No meu ponto de vista eu insisto
Ou eu finjo pro verso ficar bonito

Pouca coisa interessa na linha dura
Vou pulando frases nas entrelinhas
Ali se espreme o prazer da verdade pura
Que exprime as falas das verdades minhas

Pela cor que amadureça
Pela forma que obedeça
Ao toque da mão
À ideia azeitada
À força no lápis
Que a vírgula levada
Me leve até a curva
Não ao fim da estrada 

terça-feira, 15 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nem todo tiro é de largada

sempre adiantado
preenchendo espaço
sem ter o que dizer

ansiedade no osso
por que tanto esforço
só para aparecer

competir com quem
ser melhor que alguém
melhora o pior em você

sendo só uma pulga
ou mesmo uma pomba
a vida é só pra se viver

saudável é superar
a si mesmo sem par
sem ninguém perder

terça-feira, 8 de julho de 2014

O outro

Você não entende o que resolver
Você não entende nem o revólver
A minha solução não é a sua
A sua é a contramão da rua

Porque eu sinto diferentemente

A borracha que o traço apaga
Se profundo, o vinco é uma chaga
Tudo é escrever pra quem escreve
E errado como amar sem o erre

Poetizar é vandalismo inocente


Você não entende o que me falta
E nem mesmo pode me dar alta
Resposta não há, mas procuro
Vaze minha comichão pelo furo
Porque eu sou o outro
Porque eu sou imundo
Porque eu sou errado
E ainda bem, não sou tudo
Mas sou você, se você for o mundo



sexta-feira, 4 de julho de 2014

Surpresa!

Num piscar de olhos a reação muda
e o ser humano mostra os outros eus.
Se os olhos piscam em par,
um ser humano também pode ser dois.
Ninguém conhece todos os eus
e as catalizações não são suficientes 
para se conhecer alguém.
A caixa de surpresas pode pesar mais
depois que a surpresa for retirada.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Em movimento

Um angu de caroço
Ou uma angústia
Precisam de movimento
Ficar parado
Ou paredes brancas
Não me dão clareza

Penso melhor andando
Um passo, eu penso
Piso no maior andaime
Em falso, em pleno
Ar

Arejar a mente
Que seja caindo
Para-quedas
Não para a atitude
No verde
Sentado no verde
Crescendo com o verde
Vendo o verde crescer

Até o musgo cresce
Até o musgo é movimento
Mas as pedras não
As pedras precisam de empurrão