Ele parou o seu veículo perto da guia num espaço que para a maioria dos motoristas seria proibido. Não para ele. O seu carro tinha o nome de um super mercado conhecido numa placa de alumínio presa à grade. Uma propaganda que ele nunca se incomodou de tirar.
Enquanto subia na calçada, notou que o cadarço da sua bota estava desamarrado. Abaixou e amarrou-o. O outro pé calçado com um mocassim leve não precisava. Ao se levantar, ajeitou o casaco marrom de veludo sobreposto ao colete laranja e a camisa cinza. Trajava uma calça de brim, também cinza, que havia escurecido onde fazia dobras.
Se aproximou da vitrine do restaurante, onde, num canto do vidro, era exibido o cardápio. Cruzou os braços, se curvou um pouco para ler e franziu a testa. Murmurou alguma coisa, coçou o queixo barbudo e balançou a cabeça. Ao se afastar dois passos, olhou para cima e leu: "Tutano de Cordeiro Restaurante".
Descendo a rua e virando à direita, a rua estava interditada por uma feira que começava a se desfazer. Já passava de uma da tarde, e ele sabia que esse era o melhor momento. Parou novamente o seu carrinho de super mercado perto do meio-fio, e se abaixou para começar a apanhar a sua dieta vegetariana de fim de feira.
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