quinta-feira, 28 de março de 2013

No limbo

Preso, o rabo na porta
que vai e vem.
A rotina.

Bêbado, acordo zonzo
com dor na alma.
A ressaca.

Confuso entre encontros,
me deixa esperando,
o amor.

Sou touro como sou tolo,
insisto, sou teimoso.
Ou covarde.

Mudo, finjo que mudo.
Agora fico calado.
É tarde.

terça-feira, 26 de março de 2013

O "antes" para o homem

As preliminares no sexo e o aquecimento no futebol têm algo em comum: nenhum dos dois é garantia de que você vai entrar.

sexta-feira, 22 de março de 2013

Eu continuo

Eu continuo consumindo vinho do porto e qualquer outro,
mas eu sei que nada disso vai me matar
Eu continuo sentindo a memória daquele tesão, daquela noite,
mas não é por isso que eu vou gozar
Eu continuo me expondo para pessoas de dúvida eterna,
mas elas preferem a crença no duvidar
Eu continuo sentado num sofá para duas pessoas,
mas eu sei que eu deveria me deitar
Eu continuo dando chance pra amizade à queima-roupa,
mas reconheço as horas de me desviar
Eu continuo tocando a música como eu quero,
mas só me sinto indivíduo na hora de solar
Eu continuo alimentando o monstro do meu ego,
mas sei que a sua ração é um meigo olhar
Eu continuo me revoltando com o mundo,
mas ele é a inspiração pra palavra sangrar
Eu continuo quando o dia parece oco,
pois amanhã posso amanhecer em par

terça-feira, 19 de março de 2013

Gastei todo o papel desenhando!


Resistindo em cores

O céu azul sem nuvens pela manhã
anuncia mais um dia de sol
Algumas flores rosadas colorem 
as frestas entre as pedras cinzas
Poderiam também coroar frades marrons
não fossem os espinhos verdes
Como raios esbranquiçados num dia sem chuva
correm répteis cor de areia já aquecidos
Descansam as cabras malhadas
à sombra de pequenas folhas amareladas 
Na beira do açude a lama  creme de dias pluviais
se mantém recortada e escurecida como ladrilho
Aves negras plainam alto em círculo
sobre o bafo das correntes aéreas transparentes
Essa é ainda a vida que dura
na natureza morta da caatinga   

domingo, 17 de março de 2013

quinta-feira, 14 de março de 2013

Folhas secas

As folhas secas de nada servem,
até que chegue a hora de se fazer uma fogueira.
A parafina derretida queima as mãos,
mas é ela que mantém a vela no lugar.
Os ossos são o símbolo do fim,
a não ser que sejam usados como adubo.
A atração física não é o sentimento nobre,
mas encontra valor na noite solitária.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Crenças absurdas

- Muitas pessoas em São Paulo acham que os carros são feitos de borracha como os carrinhos de batida de um parque de diversão;
- Muitas mulheres acreditam em príncipe encantado, enquanto deveriam acreditar em sapos. Eles pulam a cerca, o muro, mas não têm segundas intenções;
- Muitas pessoas acreditam que o papa é um predestinado dos céus já desde criança. Ele é simplesmente um escolhido da igreja quando já está bem velho;
- Muitos fanáticos por futebol acreditam que o mundo é uma bola. Na verdade, ele é bem oval;
- Muitas mães acreditam que seus filhos são perfeitos. Mas admitem que elas mesmas cometem erros;
- Muitos homens acham que são mais inteligentes que as mulheres, até o momento em que eles tentam entender como o cérebro delas funciona;
- Muitas pessoas acham que a família é o bem maior. Família é uma terapia em grupo sem o terapeuta;
- Muitos políticos acreditam em si próprios.

terça-feira, 12 de março de 2013

Sem conversa

Você não quer dizer mais nada,
depois que o beijo engoliu metade das palavras
e te deu tempo para pensar.
A liberdade não pode ser pela metade,
então eu tento soltar o nó
para que o cordão nos una.

Tenho que estar presente
para poder te ver,
e não imaginar que criei você
a partir do espaço vazio
que carrego em volta do meu corpo.

Tenho que estar presente
para ouvir você falando
que não tem mais palavras
para pronunciar pelos lábios,
que não tem mais nada para  me dizer,
mas ainda assim,
ver os seus olhos falando com os meus.

A música é o melhor resgate


domingo, 10 de março de 2013

Reescrevendo o caminho

Rama de batata quando nasce cobrindo a trilha,
é sinal de que há algum tempo
as pessoas evitam a pedra no meio do caminho.
Essas por aí não passarão,
mas voarão para Passárgada como passarinho.
Outros não querem perder o trem
café com chimarrão, chimarrão com pão,
ou café com pão sobre trilhos.
Afinal, viajar mesmo sem navegar é preciso.
Todas as palavras já foram ditas
e todos os caminhos percorridos,
mas todo viajante tem de ser
de primeira viagem algum dia.

sexta-feira, 8 de março de 2013

As velhas (novas) mudanças

Mudar não é fácil. Nós somos criaturas que criam rotinas. Por isso, quando dizemos que vamos fazer algo diferente, dizemos que vamos "arriscar".
Fazemos o mesmo caminho pro trabalho; atravessamos aquela rua sempre no mesmo lugar; nos sentamos à mesa na mesma cadeira; guardamos as chaves no lugar de sempre.
É mais cômodo, não precisamos pensar muito, nos acomodamos. Mas nada disso quer dizer que os hábitos sejam sempre positivos. A mudança, às vezes, dói, mas é necessária. É importante "arriscar" para descobrir o novo, para abrir a mente, para crescer. A mudança talvez não seja boa logo de cara, porém ela nos faz sentir vivos. Além disso, tudo muda a nossa volta o tempo todo independentemente da nossa vontade.
Como diz a música Changes, do Black Sabbath, "estou passando por mudanças". É uma canção triste, mas ela diz tudo de forma simples e com sentimento. Mesmo não sendo uma mudança fácil. 
Estou passando por mudanças.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Filtrando o amor

Muito amor, de fato, existe
preso numa carta que não obteve resposta,
num carinho que foi repudiado ou
ignorado por alguém que escolheu o caminho fácil
de levar uma vida vazia.

Muito amor, de fato, existe
dentro de uma poção mágica sem valor intrínseco.
Talvez num retrato feito à mão
que provocou orgasmos até no lápis.
Ou ainda, numa amizade mal disfarçada.

Mas pouco, de fato, reside
em toda carta que seja resposta;
em repudiar o que não é carinho;
em ignorar o caminho fácil por uma vida cheia;
no valor de acreditar na magia;
no prazer de se inspirar por alguém;
no segredo do amigo.

No reconhecer de que os defeitos são nossos,
e que o amor vem puro,
e que o desafio é mantê-lo assim,
e assim disseminá-lo.

  

segunda-feira, 4 de março de 2013

Gente estranha

Sabe quando compramos aquilo que queríamos há muito tempo, daí, logo depois a coisa perde a graça?
Sabe quando perguntamos a opinião de alguém sobre duas coisas torcendo para que a pessoa escolha aquela que já havíamos escolhido?
Sabe quando ficamos tentando nos convencer que não estamos doentes - mesmo com 39 de febre - só pra não ir ao médico?
Sabe quando não admitimos que estamos errados para nós mesmos?
Sabe quando voltamos para verificar se trancamos a porta, mesmo tendo acabado de trancá-la?
Sabe quando bebemos algo muito ruim, só para ficarmos embriagados?
Sabe quando nos casamos, mas sabíamos que não deveríamos ter chegado a tal ponto?
Sabe quando não fazemos sexo seguro?
Sabe quando não questionamos as nossas crenças?
Sabe quando dizemos que somos adultos?

Babador rock'n'roll


sexta-feira, 1 de março de 2013

Harp player blues

You don't love me
You don't care
 Was I the Piper
You'd follow me everywhere

You don't love me
You don't care
Was my harp bigger
You'd blow it anywhere

Guitar players
Drummers too
You always take them
Right back home with you

A loucura depende dos outros