segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Mais uma antes que eu vá

Se te deixo sem palavras,
o meu nome é gozo
Se provoco raiva sem rancor,
o meu nome é hoje
Se eu te fizer sorrir,
sou a memória que não parte
Se teu coração bate forte agora,
me sinto meio enfarte

Na vida, alguns simplesmente vão,
e outros nada fazem ao ficar
Na física sem vida,
ninguém ocupa o meu lugar

E eu que sou impossível de clonar,
uso o meu nome como argumento

sábado, 22 de dezembro de 2012

Enquanto não vejo a praia em cores


O dia seguinte

Pois é, o mundo não acabou.
Se ontem você mandou o seu chefe a merda, ou transou com alguém que você nunca transaria, ou ainda estourou o limite do cartão de crédito, você criou uma mudança.Tenha calma. Isso também não é o fim do mundo(!).  É claro que não foi com a melhor das atitudes, mas  você fechou um ciclo. Para os Maias o fim do mundo nada mais é do que um fechar de ciclo. Então agora, temos a chance de começar um novo, deixando as más atitudes para trás e tentando melhorar.
Na verdade, acho que tudo isso foi uma armação do destino pra que a gente possa melhorar o nosso mundo. Não há necessidade de um asteróide cair por aqui pra gente poder recomeçar. O lugar comum é que cada um tem que fazer a sua parte da melhor forma possível. Afinal, melhor não arriscarmos destruir o nosso mundo, né? Ele é único.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

A beleza que inspira

As mulheres lindas são terríveis contradições,
de desequilíbrio da mente masculina,
até a harmonia num quarto com roupas pelo chão.

A minha sina é toda por sensações
e só a minha mente acha que tenho escolha.
Mas nesse mundo de crueldade em 3D,
minha visão escorrega em toda curva escorregadia.

Um artista não escolhe o que é,
só procura a beleza, e a beleza o quer.
Convivo assim com visões, alucinações torturantes,
e agora eu quero vê-las.
Deixo para lidar com minha mente, 
depois.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Capítulo II

"Foi só um comentário! Não queria atrapalhar a sua leitura interessante!", ele respondeu em tom irônico.
"Bom, pra responder eu tive que parar de ler pra não parecer mal educada!", ela devolveu no mesmo tom.
"Tudo bem, eu assumo que fui mal educado se você me disser sobre o quê é o livro!"
"Não! Esse papo não tem nada a ver com educação! Você só começou o assunto porque eu sou mulher e estava sozinha! Uma mulher não consegue ficar em paz, sozinha, em lugar público, lendo um livro, que sempre aparece um cara..."
"Não necessariamente! Eu só puxei assunto por causa da chuva que parece que não vai parar tão cedo!"
"Você não teve tempo pra pensar em tudo isso! Foi o seu instinto de macho!"
"Não, foi só um comentário... Posso compensar te pagando mais um café!"
"Olha aí, o instinto de macho de novo! Se eu aceito o café, o papo vai se prolongar mais ainda!"
"Bom, o macho vai esperar a chuva passar aqui mesmo! Você parou de ler e a gente continua conversando, apesar de eu ter feito só um comentário..."
"O que você tem que entender é que esse comportamento de macho não é obrigatório!"
"Eu não estou te forçando a falar comigo! Mas, por que não conversar?"
"Você  é do tipo que puxa papo na fila do banco?"
"Não!"
"Nem com mulher?"
"Que fixação feminista!"
"Ainda acho que você começou o assunto porque eu sou mulher!"
"É verdade! Eu queria descobrir se você é uma dessas mulheres que têm os músculos faciais super desenvolvidos de tanto falar!"
"O quê?"
"Brincadeira! Eu sou professor de educação física! Gosto de músculos, mas não a esse ponto! E você, faz o quê?"
"Psicóloga."
"Então, está me analisando?"
"Não podia fazer um comentário mais original? Isso é tão batido..."
"Quando você conhece um dentista, não acha que ele fica analisando a sua boca? É igual!"
"Você não seria meu objeto de estudo!"
"Então, não está me analisando?"
"Esse é o risco de se falar com estranhos!"
"E então?"
"Você nunca vai saber!"
"Se você começar a ir fundo no assunto, quem sabe..."
"Eu só queria ir fundo no livro, mas agora acho que não dá mais, né?"
"Sobre o quê é o livro?"
"Não importa!"
"Você tem sombrinha?"
"Não!"
"Está de carro?"
"Também não importa! Vai insistir?"
"Na conversa? Vai sair correndo na chuva? Já estamos conversando há algum tempo!"
"Eu posso estar mentindo sobre tudo!"
"Ainda não me contou nada sobre você! Além disso, mentira acontece direto em salas de bate - papo na internet, e mesmo assim as pessoas  se arriscam. A vantagem aqui é que eu sei que a sua foto é real!"
"Isso não melhora as coisas!"
"Não acho que estejam ruins! Imagine que é uma consulta e o meu caso é interessante. Ah, e essa minha primeira consulta é de graça!"
"De graça? Então, o assunto vai mesmo acabar aqui!"
"Bom, se você sair correndo na chuva, não vou cobrar pelos meus serviços como instrutor de atletismo!" 




  


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Capítulo I

Quando ele chegou na porta do café, olhou pra dentro e viu que apenas ela estava ali. Parecia que havia chegado há muito tempo porque a sua xícara de café já estava vazia. Além disso, ela tinha os olhos baixados sobre um livro grosso, o que dava àquela cena um aspecto de que muito já havia se passado.
O café era muito pequeno com apenas seis mesas e três banquetas para quem quisesse ser servido no balcão. Tinha uma das paredes espelhadas pra dar ao lugar uma dimensão maior. Ele olhou pra ela ao entrar, mas ela não desgrudou os olhos do livro. Ele escolheu uma cadeira que ficasse de frente para a parede espelhada. Só quando ele se sentou, ela ergueu os olhos como que para se certificar que alguém havia realmente chegado. Ele não percebera que ela havia olhado para ele porque o movimento fora muito discreto, e ele tinha os olhos no cardápio sobre a mesa. O atendente veio até ele para pegar o seu pedido. Ele pensou um pouco e pediu um cappuccino. Na verdade, ele sempre parecia fingir que pensava um pouco quando estava num café, e no final, sempre se decidia por um cappuccino. Quando o atendente voltou para trás do balcão, ele olhou de novo para ela pelo reflexo no espelho. Ela continuava lendo, como se ele não estivesse ali. Ficou tentando ver qual era a capa do livro, o seu nome, se contorceu um pouco, mas não conseguiu. Ela pareceu se incomodar com os movimentos dele e, então, olhou rapidamente para o espelho. Ele estava um pouco desajeitado na cadeira e, meio sem jeito, acenou com a cabeça. Ela apenas baixou os olhos novamente e continuou a ler.
Lá fora, o som de um trovão muito distante anunciava a chuva que, segundo a meteorologia, deveria ter chegado na semana anterior. No mesmo instante, chegou o cappuccino dele. "Finalmente vai chover", ele disse para o atendente. "Parece", foi a resposta do atendente que parecia não suportar mais falar sobre o tempo com os clientes. "Mais alguma coisa?". "Não, obrigado!"
A chuva despencou com força no teto do café, tendo alguns trovões esporádicos para aumentar o barulho. "Até que enfim, agora o tempo vai refrescar", ele falou meio que pra si mesmo, meio em voz alta. Ela olhou para o espelho, depois olhou porta afora pra chuva e balançou a cabeça. Percebendo essa reação dela, ele emendou: "Estamos precisando de chuva. Se não tem chuva, não tem café!", e levantou a taça de cappuccino em direção ao atendente que, ocupado em lavar xícaras, nem olhou pra ele.
Ela, percebendo a provocação, voltou a ler o livro, mas já sem conseguir se concentrar. "Esse livro parece ser bem interessante", ele disse, tomando um gole do seu cappuccino. 'Não acredito', ela pensou já sem paciência. 'Vou ter que responder!' Ela fechou o livro e virando pra ele falou: "O livro é muito interessante... pra quem está lendo!"  

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

O silêncio

O mundo está cheio de som.
E nos entremeios, o silêncio.

Nem todo som é como música.
Nem todo som deve soar.
O silêncio é parte da música.

O silêncio é como desmaiar.
Dormir é repleto de sons.
Morrer tem o som do eco.

Eu desmaio, mas  eu volto.
Eu faço silencio, mas volto.

Inicio a ouvir o meu coração.
Acaba o silêncio nessa hora.
Eu volto a me encontrar.

O Natal e os brinquedos possuídos


sábado, 8 de dezembro de 2012

Envolver-se

A responsabilidade é para mundos artificiais.
Criamos uma cela com fechadura
e muitas pessoas têm posse da chave.
Antes eu andava com o cabelo ao vento;
hoje o vento tem outro propósito.
Me envolvi com pessoas no caminho
que não eram o objetivo; eram o caminho.
Nem todo aperto de mão tem valor,
mas a intensidade do aperto depende de você.

Estou em um aperto de muitas mãos.
Todos querem me tocar de alguma forma.
Sem poesia ou com poesia,
eles me mandam mensagens e sinais.
Eles mandam em mim da forma afetuosa
que faz com que a pressão seja chamada de intimidade.
Eu ainda posso andar ao vento,
mas não posso controlar a direção em que ele sopra.
Existem muitas pessoas soprando a resposta ao vento.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Prestes a chover


Falso pudor é uma coisa... falsa!

Eu sei que você não toma banho vestida... Suas roupas são como a embalagem da carne do açougue: ninguém quer mais papel do que conteúdo. Nada esconde de você mesma o tamanho da sua libido. E na hora do banho você se... toca!
Seus filhos podem ter sido obra divina. Como queira. Mas você ficou feliz em poder contribuir fornicando.
A roupa pode nos proteger quando se treme de frio. Mas não influencia em nada quando se treme de tesão.
Posso falar de qualquer coisa suja que ainda vai ser pouco. Posso falar de uma boceta úmida, por exemplo. Mas nada se compara a ficar úmida. É a realidade incontrolável.
Não adianta fingir. Ou melhor: fingir o orgasmo ainda faz mais sentido do que fingir que ele não existe.

Quebra-cabaço


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Cansaço

Cansado.
O calor faz suar e depois seca o suor.
As pessoas falam bem, mas desaparecem.
O caminho que eu conheço é o mesmo hoje.
O beijo é úmido, mas não hidrata sentimento desértico.

Exausto.
Escrevi poucas linhas e elas não gritam.
Eu tenho força, mas me escutam com fraqueza.
Sou fraco como cavaleiro sem a espada.
As cenas do filme se repetem e ele não é o favorito.

As conversas mais incríveis são raras.
Os orgasmos são só momentos.
Os chocolates têm prazo de validade.
A rotina é dor sem pontadas...



segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Além do samba


Já que estamos aqui

Eu sou o mesmo 
Mas as rugas se desenvolveram
Aquelas expressões todas já expressadas
Levam a algum lugar
Não sei se elas chegam
Mas eu vou
Porque o destino de quem vive é ir
Querendo ou não

Mudei como eu  me sinto
Não há colágeno eterno
As máscaras se desgastaram
Mas os mesmos sentimentos ainda guiam
Fantoche do coração
Manipulado pelas artérias dos membros
Até a letargia é vida que incomoda
Querendo a cabeça ou não



Ódio feminino


domingo, 2 de dezembro de 2012

Não estou sozinho: estou com o meu celular!

O celular parece um amigo provisório, quando as pessoas estão sozinhas, porque elas parecem disfarçar a solidão com ele. Basta chegar em algum lugar sozinho, sacar o celular e começar a apertar algumas teclas. Ninguém sabe o que você está fazendo, e mesmo sozinho é você que parece alheio as pessoas enturmadas a sua volta. Dá sempre a impressão de que você está esperando alguém que está atrasado e está mandando uma mensagem pra pessoa. E é claro que isso pode realmente estar acontecendo. Ou parece que a sua página na rede social está super interessante. E realmente pode estar. Mas a verdade é que o celular funciona como uma espécie de biombo do tipo: "Não se preocupe comigo que eu estou bem acompanhado!".
Não importa: em tempos em que se constroem amizades à distância, você tem o direito de fingir que se comunica entre estranhos. Afinal de contas, mesmo sendo impessoal a comunicação virtual é uma realidade.

PS: Esta postagem foi escrita enquanto eu estava num bar em que conhecia ninguém.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Divagação sobre o valor depois da vida

Andar contra o fluxo pelas ruas me deixa mais vivo.As pessoas passam sem se importarem, mas passam.Isso é movimento, é vida.Se eu fosse um morto-vivo, elas se importariam.Eu incomodaria.Deixaria a minha marca.De sangue?Não importa.Por dentro ninguém me vê - enquanto me distraio tentando adivinhar que máscaras usam; enquanto uso a minha máscara mais convincente.Deixamos claro o valor que as pessoas possuem enquanto vivas?Ou o protocolo diz que temos que deixar tudo isso pro cerimonial pós-morte?
Afinal, morrer reúne pessoas, é um acontecimento, é notícia, as pessoas se importam...Os funerais atraem pessoas que não iriam ao aniversário do falecido.Quantos heróis só viram heróis porque morreram?Os chamados mártires.Quantas pessoas só alcançam o sucesso ou tem o talento reconhecido depois que morrem?Os "Van Goghs" da vida.Ou seriam da morte?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Assine a petição para proteger as águas de Camburi:

http://www.avaaz.org/po/petition/PROTECAO_DAS_AGUAS_DE_CAMBURI_SAO_SEBASTIAO_SP/?tDidocb

Observando um mendigo brasileiro

O ganzepe ginga o seu bornal na sua dança sem som,
um mulambo se equilibrando em pinguela social
com migalhas da paçoca ganha semana passada,
ainda hoje enroscadas no pixaim da longa barba.

Na cabeça nós cegos feitos amostras de picumã,
além da pixilinga e de um maldito carnegão inquilino,
a memória de bailes e sapatos em chão parafinado,
nenhum toró capaz de chegar em couro tão cabeludo.

Sem quatro taipas que sirvam de mocó ou armário, 
lá vai o cabide de trapos alheio ao furdunço dos carros,
pois o fungagá nos seus ouvidos já amansou o marrueiro
e o seu patuá é a irrelevância social que o mantém inteiro.

Mesmo assim, dentro do seu automático, blindado, importado,
lustrado, ar condicionado, cromado carro alguém balança a cabeça 
por não entender a coreografia espontânea do mendigo,
que não combina com a sinfonia vinda da tela de cristal líquido. 





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Eu juro que vi!


A poção anti-crueza


Influenciando pessoas

Que você vai me influenciar é inevitável.
Talvez você me influencie a odiá-lo.
Talvez você me faça ser melhor.
Todo encontro tem um poder de transformação.
Se você pensa nisso ou não, não importa.
Alguém lhe disse obrigado ontem e mudou algo.
Alguém te ignorou ontem e te fez mudar.
Alguém te olhou de alguma forma que te faz lembrar.
A saudade ou o rancor marcam com força.
O que você disse me tocou e eu decorei as palavras.
Quando uso essas palavras, sou um pouco você.
Quando você pensa em mim, se coloca um pouco no meu lugar?
Quanto é que eu sou aí em você?

domingo, 25 de novembro de 2012

Primeiros pensamentos de um domingo

Me sinto um pouco morto.
Bebi ontem.
Cheguei às 4:00.
7:30, a campainha.
Não vou.
De novo.
Me levanto.
Olho mágico.
Não conheço.
Volto pra cama.
A campainha.
De novo.
Por que?
Já sei que não vou dormir mais.
Rolo na cama.
Cochilo um pouco.
Rolo na cama.
9:30, me levanto.
Supermercado.
Alguém todo de preto com tênis azul-turquesa.
Seus pés brilham.
Isso não é bom.
Algumas coisas só se resolvem na segunda-feira.
Às vezes, na segunda tentativa.
Ansiedade.
Tenho que fazer algo.
O supermercado não foi o suficiente.
Talvez eu precise só de uma bebida.
A bebida precisa só de mim?
Não.
Não é um relacionamento justo.
Assistir um filme?
E se alguém disser: "I need a drink!"?
Melhor ver um filme nacional.



quarta-feira, 21 de novembro de 2012

A plástica do papel


Aprendendo nas ruas

Quando minha geração de moleques nas ruas,
fugindo das mães e aprendendo as manhas,
descobria funções de necessidades várias...

"Por qual buraco nascem os nenês?"

...E numa espécie de repente
se formava uma longa discussão...

"Fulano falou que fingir meter 
um bambu em alguém não quer dizer nada!"

...E qualquer polêmica mais seguisse,
durava até que alguém questionasse:

"Isso é um parto ou uma cagada?"

...Ou:

"Então deixa eu usar o bambu em você..."

...Até que alguém se zangasse de verdade,
até que a eternidade do dia seguinte,
onde o juntar de dois mindinhos,
selava novamente aquela amizade
de descobertas e novidades.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Viagem para Cunha-SP

Cachoeira do Mato Limpo, Estrada Cunha-Paraty.

Brachycephalus Ephippium na trilha chuvosa do Parque da Serra do Mar.

Cachoeira do Rio Paraibuna.

Jararaca: uma das espécies mais comuns na região.

Portal da ChacraZen: único camping e redário de Cunha.

ChacraZen: simplicidade, harmonia e beleza.

Fonte de água de 1872 no Mercado Municipal.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Tudo é o que sai da boca

Não se iluda com os lábios macios;
a boca tem dentes que mordem
e as palavras tem de ser duras também
para saírem sem se quebrar.

Se iluda com os lábios macios;
a boca tem dentes que mordem
mas são tomados facilmente
pela palavra doce que os faça cariar.

As armas são sempre as mesmas,
as pessoas também são,
mas o jogo de interesses transforma
corações em mentes,
corações que mentem em encouraçados,
cabeçadas em corações,
mentes encabeçadas por corações...
Quem mente, quem coração?...


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Curador de arte curando o soluço

Porque só o momento se existe a foto?
Porque só a cena se existe vídeo?
Porque só a vida se existe interpretação?
Porque só o corpo se existe escultura?
Porque parar se existe o dançar?
Porque o barulho se existe a música?
Porque falar se existe o escrever?
Porque só as cores se existe pincel?
Porque protelar se existe o produzir?
Porque o soluço se existe a solução?

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A força da natureza

Em certos dias, a chuva é mais forte.
Ela não consegue derrubar tudo.
Mas quem ou aquilo que estiver exposto vai se molhar.
E no nosso ponto de vista de ser vivente, a chuva só deveria molhar.
Mas às vezes, ela também derruba.
Se alguns já reclamam porque a chuva molha, quem dirá quando ela derruba.
Todos querem ficar em pé.
Mas diante da natureza, às vezes, temos que nos ajoelhar.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Falha na comunicação

A guerra que você venceu
não ganhou a minha paz de espírito.
Se você está em paz agora,
sinto tontura de tanto negar com a cabeça.
Mais gente se decepcionou,
porém você queria que todos relaxassem.
Você, à vontade na sua cruzada,
ignorou algumas almas já familiares.
E você, à vontade na sua terapia individual,
esqueceu de observar as cláusulas fora do contrato...

As pequenas coisas que ligam as pessoas...
A atenção que todos demandam...
A desnecessidade de causar conflito...
Os sentimentos que só os outros sentem...
A amizade desertora do campo de batalha...
A opção de falar com quem já te escuta há anos...



terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pés na terra Muratu


Lições tardias

Ninguém se alimenta de vômito. As pessoas ditas sensatas sabem a diferença entre o certo e o errado. Sabem que podem tomar atitudes que vão ajudá-las ou ajudar a outras pessoas. Mas a tendência é sempre esperar um pouco mais.
Então, as perguntas: 
Porque precisamos desenvolver um câncer pra começar a ajudar uma instituição que cuida de pessoas nessa situação?
Porque precisamos perder um filho para as drogas pra começar uma campanha contra as drogas?
Porque precisamos dirigir sem cinto de segurança, nos envolver em um acidente, pra depois aprender que o cinto poderia ter evitado tudo isso?
Será que é aquela coisa do "Isso nunca vai acontecer comigo"?
Não podemos prever e evitar tudo que quisermos, mas também não acho que "Aprendendo com os próprios erros" seja a frase mais bonita do mundo.
Algumas coisas podem ser evitadas; algumas coisas só podem ser remediadas; e algumas coisas são apenas vômito.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Lendo e questionando

Ele estava chegando ao final do livro, mas não sentia ansiedade por terminá-lo.Era uma história conhecida que todo mundo já sabia o final.Ele havia começado a ler por curiosidade, pelo sucesso do livro, pelas ideias polêmicas que ele suscitava nas pessoas.
O começo, num tempo muito distante, era muito intrigante, parecendo um pouco com ficção científica.Dava pra imaginar cenas daquelas em filmes de Hollywood.Naqueles cenários, o ser humano era retratado como uma pequena parte da natureza em evolução.Havia uma força que dava vida às transformações do mundo, mas não era o homem que a controlava.
No desenrolar do livro, o homem começa a mostrar cada vez mais as suas ambições em controlar tudo.Ensinamentos e experiências são transmitidos de ser humano para ser humano, sendo então passíveis de erro e interpretação.A parte científica do livro parecia inexistente e se aproximava muito das crenças e especulações daquele tempo.
Na segunda parte do livro, surge um personagem que aos poucos se torna o principal, mas que por algum motivo tem boa parte de sua vida mantida em mistério.Junto a mais alguns personagens, ele passa por experiências que aparentemente servem de lição aos outros.E apesar de toda a sua sabedoria e carisma, esse personagem morre antes do fim do livro.
Sabendo qual seria o final do livro, e já tendo lido sobre a morte do protagonista, uma espécie de frustração fazia com que ele se questionasse do porquê daquele sucesso de vendas.Algumas passagens eram sim, interessantes, mas algumas também desdenhavam da sua inteligência.Muitas coisas eram questionáveis para qualquer ser que se dispusesse a pensar.Parecia também, um trabalho confuso de edição.O fato de ter sido escrito por vários autores separadamente também não ajudava.
Porém, ele já tinha chegado até as revelações finais, então era uma questão de honra terminar o livro.Além disso, a leitura até ali já tinha lhe feito questionar muitas coisas.Afinal, por curiosidade ou por fé, ninguém pode afirmar que sai ileso ao ler a Bíblia.

Mudando o padrão

Se, de vez em quando, a gente usasse o lápis branco no papel preto?
Se, às vezes, a gente sentasse num lugar que nunca sentamos na sala de estar?
Se experimentássemos aquela verdura que nós odiamos desde pequenos?
Se, ao invés de deixar nas entrelinhas, a gente falasse "Conta comigo!" claramente?
Se a gente desse uma de turista na própria cidade uma vez na vida?
Se um dia nós parássemos para conversar com um mendigo?
Se um dia nós déssemos carona pra alguém?
Se, alguma vez, a gente fosse a pé a algum lugar que tinha sempre ido de carro?
Se a gente desse o guarda-chuva pra alguém só pelo prazer de se molhar na chuva?
Se a gente tentasse escrever uma carta com a mão trocada?
Se a gente tentasse escrever uma carta?
A gente mudaria o mundo ou estaria APENAS fazendo poesia?

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O inconformado

Algumas pessoas se conformam em ter casa na praia.
Acho que eu prefiro me sentir em casa em qualquer praia.
Algumas pessoas se conformam em ter carro importado.
Acho que eu prefiro chegar bem aos lugares.
Algumas pessoas se conformam em ter roupas de grife.
Acho que eu prefiro não ser preso por atentado ao pudor.
Algumas pessoas se conformam em beber água dos alpes.
Acho que prefiro água inodora, incolor e insípida.
Algumas pessoas se conformam com o vinho mais caro.
Acho que prefiro o vinho que harmoniza com o meu paladar.
Algumas pessoas se conformam em comprar diamantes.
Acho que eu prefiro o brilho dos olhos.
Algumas pessoas se conformam em viajar para o exterior.
Acho que prefiro não ser um alienígena na minha própria terra.
Algumas pessoas se conformam em comprar todos os sonhos.
Acho que eu prefiro sonhar alguns.